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"Todo sonho é uma derrota em potencial. Para não o realizar, basta manter-se parado. - Argus Caruso Saturnino"

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Vila de Itatinga – Bertioga

Itatinga
13/09/2007

Agosto passou, e não consegui cumprir a meta que impus a mim mesmo, de fazer pelo menos um passeio por mês, isso desde o pedal na Estrada de Manutenção (Junho/09).

Mas chegou Setembro, mês de comemorações muito importantes para mim:
Meu 34º aniversário (dia 08) e o 6º aniversário da minha volta as pedaladas.

Setembro também tem muitas outras datas comemorativas, de fatos curiosos e importantes que ocorreram no Brasil e no mundo:

01/09/1910 - Fundação de um grande time do estado de São Paulo, que comemora o seu centenário esse ano (2010) , o Esporte Clube Noroeste ... rsrs
04/09/1998 - Criação do site de pesquisas Google.
07/09/1822 - É declarada a Independência do Brasil em relação ao domínio de Portugal.
09/09/1884 - Foi inventado o cachorro quente (em inglês Hotdog).
11/09/2001 - Ataque terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center de Nova Iorque e ao em Washington, provocando cerca de 3000 mortes.
13/09/1906 - Primeiro vôo do 14 Bis de Santos Dumont em Paris (v. História da aviação).
17/09/1787 - É assinada a Constituição dos Estados Unidos da América
22/09 - Dia Mundial Sem Carro, início da Primavera (Hemisfério Sul) e início do outono (Hemisfério Norte).
23/09/1913 - Roland Garros efetua a primeira travessia do Mediterrâneo em um avião.
28/09/1905- A Teoria da Relatividade de Einstein é publicada no Annalen der Physik.

Mas deixando as datas comemorativas e voltando ao relato, resolvi compensar a falta do passeio do mês anterior, com um passeio que sonho fazer a pelo menos 3 anos, cheguei a comentar com o Roger, mas nunca chegamos a realizar...

Um passeio a Vila de Itatinga em Bertioga, com um bônus: a trilha para Praia Branca, outro lugar que também desejava conhecer a algum tempo.

Mas a única certeza que tinha, era a de chegar a Praia Branca, pois para ter acesso a Vila de Itatinga é necessário uma autorização da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) ou agendar um passeio com alguma agência de turismo credenciada, e eu não tinha autorização, e nem agendado com nenhuma agência, mas não custava nada tentar.

A dia escolhido foi uma segunda-feira (13/09), mas porque segunda e não um sábado ou domingo, o único motivo foi o meu serviço, pois as segundas são os dias mais fracos.

Então as 06:00 já estava pronto para sair, mas alguns problemas com a minha máquina fotográfica acabaram atrasando a minha saída em 45minutos, tive que pedir novamente a câmera da minha irmã emprestada e novamente fiquei limitado a 100 fotos VGA, devido ao cartão de memória ser de apenas 16 Mb.

Praia do Itararé, São Vicente.

O céu estava nublado e com uma névoa comum das primeiras horas do dia, nesta época do ano na Baixada Santista.

Ciclovia da Praia, Gonzaga – Santos

Pensei que a ciclovia da praia ia estar bem movimentada, devido o grande número de pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte para ir trabalhar e estudar, mas para minha surpresa esta bem sossegada e logo cheguei ao Guarujá.

Praia de Pernambuco, o Sol ainda tímido e entre nuvens.

SP – 61 também conhecida como Guarujá-Bertioga.

Praia do Perequê

Após a Praia do Perequê a estrada se afasta das praias e passa a margear o Canal de Bertioga.

Portal do Parque Serra do Guararu , seguindo a estrada para o extremo nordeste da Ilha de Santo Amaro ou Guarujá, região conhecida também como Rabo do Dragão.

Ao chegar ao Restaurante do Joca, para a minha tristeza encontrei o pier de madeira desmontado, só no esqueleto.

Este local é um dos meus pontos de parada, toda vez que pedalo em direção a Bertioga, pois o local é muito bonito e já fiz belas fotos em outros passeios.

Pedal Praia São Pedro (Nov. 2007)

Pedal Praia São Pedro (Nov. 2007)

Pedal Ilhabela (Jul. 2009)

Mais fotos da SP-61 sentido Bertioga, antes de chegar...

Na balsa para Bertioga e também …

Ao acesso para trilha para a Praia Branca.

Mas antes da Praia Branca, um pequeno desvio para conhecer as ruínas da Ermida Santo Antônio de Guaibê.

A trilha para as ruínas foi bem tranquila, por terra e foi possível pedalar por quase todo o caminho, exceto alguns pontos mais acidentados e também para cruzar uma pedra onde corria um filete d'água, tornando muito escorregadia.
Ruínas da Ermida Santo Antônio de Guaibê, construída em 1560.

E das ruínas, uma bela vista de Bertioga.

Após visitar as ruínas, ai sim segui para a Praia Branca, por uma outra trilha de terra logo após a ermida, conforme a orientação de um morador.

A subida por essa trilha foi bem cansativa, ainda mais com o calor que estava fazendo...

Mas essa trilha me levou ao final da subida da trilha para a Praia Branca, que na maior parte é de calçamento pé de moleque, e em alguns pontos é pavimentado com cimento.

Primeira visão da Praia Branca e a areia fofa já quase no final da trilha, próximo a praia.

A bela e paradisíaca Praia Branca, onde fiquei apenas alguns minutos e não deu para aproveitar a mesma, nem explorar os arredores e as trilhas para as demais praias vizinhas a ela, isso vai ficar para um novo passeio. Pois o meu principal objetivo era a Vila de Itatinga.

Voltando pela trilha da Praia Branca, indo sentido balsa.

Nos trechos de subida, fui empurrando a bike, mas nas descidas fui em cima da bike, descendo com muito cuidado, pois em vários pontos da trilha não existe a proteção (guarda-corpo), que aparece na foto acima, e ao lado da trilha é uma pirambeira danada!!! Só descia da bike em alguns pontos onde tiram alguns degraus, e rapidamente cheguei a balsa para Bertioga, que para minha sorte já estava de saída.

Barcos atracados ao lado do acesso a balsa em Bertioga.

Antes de seguir rumo a Itatinga, resolvi passar pelo Parque dos Tupiniquins e pelo Forte São João, para não perder o costume.
Forte São João, o mais antigo do Brasil.

Av. Anchieta, Bertioga

Como já era quase meio dia e a fome estava apertando, resolvi fazer uma parada para lanchar...

No conhecido Pastel do Trevo, onde servem enormes e bem recheados pasteis de 30cm, local onde eu e o Roger também paramos para lanchar no pedal de Mogi das Cruzes-São Vicente (Jul. 2007).

Após um delicioso pastel de carne acompanhado de uma Coca-Cola gelada, segui até o porto do Rio Itapanhaú, que fica a apenas 2 Km do trevo de Bertioga, para tentar chegar a Vila de Itatinga.

E ao chegar ao cais os portões do estacionamento estavam abertos e não tinha nenhum guarda portuário, só tinham algumas pessoas vestidas com macacão laranja, que trabalham em Itatinga e para a minha sorte era o horário da barca atravessar para o outro lado do rio (12:30).

Então encostei na beira do ancoradouro, como não quer nada e fiquei esperando a barca que estava vindo do outro lado, quando a mesma encostou, um dos funcionários me perguntou se tinha algum parente em Itatinga ou se tinha autorização para ir para lá?

Então resolvi ser sincero com o mesmo, disse que não tinha parente e nem autorização, e que tinha vindo de São Vicente só para conhecer a vila, e que era um sonho antigo, mas se não pudesse atravessar tudo bem, voltaria para casa.

E acho que ele se comoveu com a minha sinceridade, e me disse:

-Vai vai, pode entrar no barco, mas me avisou que o próximo barco seria só depois das 16hs.

Feliz da vida, embarcado e seguindo para o outro lado do Rio Itapanhaú.

Porto e estação de onde sai o bondinho ou trator rodo-ferroviário para a Itatinga.

Vagão de passageiros parado próximo ao porto.

Logo após desembarcar, tirei algumas fotos (acima) e tratei logo de ir pedalando pela ferrovia para Itatinga, com o medo que alguém resolvesse me barrar.

No início da ferrovia existe a possibilidade de pedalar ao lado da mesma, a direita e depois a esquerda da mesma, mas logo essa opção deixa de existir e só existe a opção de se pedalar entre os trilhos...

Mesmo com os solavancos ao pedalar entre os trilhos, devido os dormentes, em alguns momentos um pouco desconfortável, não estava achando ruim, ao contrário estava muito feliz com a oportunidade de estar ali, pois a paisagem nos 7 Km que separam o Rio Itapanhaú a Itatinga apresentam uma beleza impar, belos riachos com águas cristalinas, muito verde com a Serra do Mar ao fundo e vários pássaros e até um enorme lagarto que cruzou a linha férrea bem na minha frente. Além das construções quase centenárias, mas muito bem cuidadas que iam aparecendo pelo caminho, como oficinas e casas.

E o passeio pela ferrovia estava tão bom e passou tão rápido, que logo avistei a placa de boas vindas e as primeiras casas da vila...

O campo de futebol e ao lado a sede do clube...

Em Itatinga não existe ruas, só a linha férrea, uma calçada principal paralela a linha férrea e outras calçadas ligado as casas e construções, a calçada principal, fora as inúmeras trilhas mata a dentro.

Pequena mas simpática Capela de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, inaugurada em 1942.

Além das casas dos funcionários, do campo de futebol, da sede do clube e da capela; a vila ainda possui: uma padaria, um posto médico, um anfiteatro, uma escola, um posto da Guarda Portuária, alem da Casa de Força / Usina Hidrelétrica.

Trator rodo-ferroviário trazendo os passageiros do porto.
Excepcionalmente os carros de passageiros do bonde estão sendo tracionados por este trator, pois os bondes estão sendo restaurados.

Um dos bondes que fazem o trajeto até o Porto e a antiga locomotiva nº 12 – Itapema, que fez durante décadas o mesmo trajeto, até eletrificação da ferrovia para a implantação dos bonde.

Usina Hidrelétrica em operação desde Outubro de 1910, e as tubulações que trazem água do Rio Itatinga do alto da Serra do Mar até as turbinas no pé da serra.

Trator rodo-ferroviário e ao lado e na linha ao lado o outro bonde que está parado para manutenção.

Como a vila é pequena e já tinha visto praticamente tudo nela, exceto o interior da usina, mas isso só possível com autorização, e ainda faltava muito tempo para a próxima barca e não queria ficar parado, perguntei para um senhor (funcionário), onde se iniciava a trilha que sobe a Serra do Mar, em direção a barragem, e ele me respondeu:
- Próximo a locomotiva Itapema e ao lado da escola, são pouco mais de 7 Km até o reservatório e que é um belo passeio e não é tão puxado assim...

Obs. Para quem não pedalou o que já tinha pedalado e ainda teria que pedalar para voltar para casa.

Disse a ele, que não tinha onde deixar a minha bicicleta, e ele respondeu que não tinha problema, que era só encosta-la em qualquer canto da vila, e quando retornasse da trilha ela estaria do mesmo lugar e do mesmo jeito que deixei, que não tinha perigo algum, pois todos lá fazem isso e ninguém mexe em nada e não some nada.

Então segui o conselho dele e encostei a minha bicicleta ao lado da escola, próximo ao início da trilha e lá fui eu serra a cima...

E o senhor estava com a razão, conforme fui subindo, e a usina e a vila foram ficando pequeninas, a vista ia ficando cada vez mais bonita, podia ver o Rio Itapanhaú, Bertioga e o Mar ao fundo.

A trilha vai serpenteando a serra em meio a uma exuberante vegetação e pude ver mais alguns lagartos, algumas aves e até um esquilo, tudo bem de perto.

Durante a subida estipulei um horário limite para retornar (14:15), para não correr o risco de perder o transporte das 16hs.

E com esse limite de tempo consegui percorrer aproximadamente 1200m trilha acima, onde encontrei algumas casas abandonadas, onde os antigos moradores tinham essa bela visão de Bertioga (foto acima).

Na volta ainda fiz um pequeno desvio da trilha principal, e acabei chegando a ferrovia funicular que acompanha as tubulações.

Obs. A funicular também está passando por reformas ou está sendo desativada, pois os trilhos acima de onde estava, não estavam com o cabo e as roldanas, como pode ser visto na foto mais acima.

Descendo a trilha

Ao voltar a escola da vila, lá estava a minha bicicleta no mesmo lugar e do mesmo jeito que a deixei.

Como para descer é bem mais rápido que para subir, voltei a vila por volta das 14:30, então lá fui eu perguntar a outros funcionários onde eram as trilhas para rios e cachoeiras.

Ele me deu duas opções, uma trilha ao lado da usina e que leva a um rio bom para se banhar, bem próximo de onde estava e de fácil aceso, e a outra opção era uma trilha seguindo para porto, onde tem uma pequena queda d'água, mas distante uns 20 minutos da ferrovia.

E logo após a explicação ele me perguntou se tinha parente que trabalha em Itatinga, ou se tinha autorização para estar lá?

Novamente fui sincero e disse a verdade, e ele disse que tinha dado muita sorte de ter conseguido entrar na vila, que por eles (funcionários) não tinha problema algum, quem não deixa as pessoas entrarem lá é a Guarda Portuária, por determinação da Codesp.

Ele ainda me informou que não poderia levar a bicicleta na composição de passageiros no horário das 16hs, só as 18hs... Então teria que voltar ao porto pedalando, uma pena, pois já estava contando com o passeio, até mesmo para descansar um pouco.

Após as informações lá fui eu trilha a dentro, atrás de um bom rio para tirar a poeira.

O local onde parei não era muito bom para se banhar, pois era muito raso, mas em compensação a vista era muito bonita.

Após tirar a poeira do corpo e relaxar um pouco voltei para vila e antes voltar ao porto, parei na padaria para matar a fome, um sanduíche de pão, mussarela e mortadela, acompanhado de uma latinha de Pepsi estupidamente gelada!

Enquanto fazia meu lanche, chegaram alguns garotos aparentando ter de 8 a 11 anos de idade, que moram na vila e ficaram admirados e curiosos com a minha bicicleta, começaram a fazer várias perguntas para mim (de onde vim, quantos kms eu andei, para que serve isso, aquilo na bicicleta...).

E assim o tempo passou voando e já eram 15:40, me despedi dos garotos e da simpática vila e segui pelos trilhos, cortando os riachos, o verde da vegetação e apreciando algumas aves, com destaque para vários gaviões...

 Até chegar novamente ao porto, onde tive que esperar por mais de 20 minutos até a chegada do trator trazendo vários funcionários, para poder atravessar o Rio Itapanhaú.

Após a travessia do rio, segui direto para a balsa para o Guarujá e não fiz paradas para foto, devido não ter espaço suficiente no cartão de memória da câmera, e também devido faltar pouco tempo para escurecer, então não queria perder tempo.

Travessia balsa Bertioga-Guarujá.

Pôr do sol no Canal de Bertioga

Já no Guarujá segui pela Guarujá-Bertioga e só parei para bater a última foto do passeio.

Segui num bom ritmo, mantendo uma média de 23 Km/h até chegar próximo a Praia do Perequê, mas depois dos 100 Km de pedal, das subidas das trilhas (Praia Branca e da Serra do Mar em Itatinga), o cansaço bateu e o ritmo caiu para 18 Km/h, mantido até chegar em São Vicente por volta das 19:20 um pouco cansado, mas muito satisfeito por este verdadeiro presente de aniversário!


Mapa do Passeio:


Números Finais:
                             - 122 Km de pedal + 5 km antes de iniciar o passeio.
                             - 2,4 Km de caminhada (Trilha para a represa)
                             - 7h 25min de pedal e 12h 35 tempo total.
              Baixas:
                             - Nenhuma
              Gastos:
                             - R$ 25,00 (Lanches, água mineral e cartão telefônico)


+ informações da Ermida Santo Antônio do Guaibê:

+ informações sobre a Praia Branca:

+ informações e fotos da Vila de Itatinga e sobre a usina hidréletrica: